Dr. Armando Rhollus
Um personagem, um pseudônimo que me distrai, revela meu lado
criativo, a mente que viaja por onde concebe histórias, estórias,
ficções, causos, e vira notícia aqui!
Os causos narrados são obras de pura ficção, não se referindo à qualquer pessoa da vida real, e qualquer semelhança com nomes, apelidos, fatos e condutas será mero acaso.
Os causos narrados são obras de pura ficção, não se referindo à qualquer pessoa da vida real, e qualquer semelhança com nomes, apelidos, fatos e condutas será mero acaso.
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Dr. Armando Rhollus em:
NA BANDA DA BANDA, O BANDO NÃO
DEBANDA, SE ABANDA, SEM DAR BANDA!
Naquela ensolarada manhã de segunda
feira, depois de meses de ausência, o velho causídico reassumia o comando da
sua tenda de trabalho, nos momentos inglórios chamada de pelourinho.
Enquanto para ela se dirigia, o céu
azul e a temperatura amena remetiam seus pensamentos para os distantes lugares
que conhecera, à guisa de cursos de especialização.
A clientela aumentava, o Bando já
assumira porte e feição de Instituição, o que, “trocado em miúdos”, significava
substancial aumento de confusões, que quase sempre, terminavam nas barras dos
Tribunais.
Safo de maligna “rajada” de fezes das
pombas londrinenses, recambiou a mente de Vancouver para a realidade diuturna,
e corajosamente adentrou no local de trabalho, onde, com urbanidade
cumprimentou a antiga secretária:
- Bom dia, Dona Laciva! Como tem
passado? Por aqui, tudo na forma regulamentar?
- Bom dia, Dr. Armando! Tenho passado
mal, já que o ferro de passar que o meu salário permitiu comprar, enguiçou! E
não tem mais nem regimento por aqui! O Delon deixou uma pilha de papéis na sua
mesa, e SUMIU!
Condignamente aboletado, resignado o
advogado encetou o exame da pasta e subpastas do Bando: a) nada de novo com os Fraga – o Sr. Fraga aprontando as “de
sempre”, e a Sra. Ilde se desforrando nos cartões de crédito; b) o Ed (Sargento Tainha) e o Bad
(Sherek) e respectivas esposas continuavam sumidos; c) os Fritas (Al e Fá), ocupados com a nova piada (a da loira no
motel), e com disposições atléticas à buscar em vão mais adeptos.
Porém, as subpastas seguintes
deixaram o causídico estarrecido: a) o
Sr. Abdhalla lançara sua candidatura à Presidência da República, e necessitava
da documentação necessária; b) o
Delon pretendia casar-se e solicitava a revisão do “pacto antenupcial com
separação parcial de imbróglios”, e mais: “notificação desenrolatória da noiva
enroscada”.
Buscando uma visão geral do cenário,
e por demais absorvedores os assuntos anteriores, o causídico abriu a subpasta
intitulada: “Adesões e Prescrições”.
- UAU! CONTINGENTE DE PRIMEIRÍSSIMA
!!! TEM ATÉ JUIZ E MILITAR GRAÚDO! –
Exclamou o causídico, que por segundos, abandonou suas lendárias serenidade e
discrição.
- To precisando de um “coronel” para
pagar minhas contas e de um juiz para colocar um “pessoalzinho forgado nos
eixos”! - Berrou Dona Laciva, lá da sua
saleta.
Utilizando-se do interfone, o Dr.
Armando Rhollus solicitou à indiscreta secretária o comparecimento na sala
dele, onde, lhe fez singela advertência:
- Caso a Sra. não tenha percebido,
estou de volta juntamente com todas as normas do nosso contrato de trabalho,
dentre elas: os assuntos dos clientes não são comunitários! A Sra. pode se
retirar.
Voltando à interessante subpasta, o
causídico folheou os cadastros: a) Rak
– a corajosa noiva do Delon; b) Coronela e Lu - ela calma e centrada, ele causídico de
combativa fama, o que injetava adrenalina no Bando; c) De Nise – uma psicóloga loira, o que traduz complicação em dose
dupla, d) Vas e a Fer – ele juiz, ela professora de inglês,
o que emprestava classe internacional ao Bando.
- Well !! Se com mais um advogado, mais uma psicóloga,
uma coronela e um juiz, uma professora, o Delon casado, ainda assim o Bando não
se comportar, pode esquecer a sanidade mental.
E chamou Dona Laciva pelo interfone,
que ressabiada compareceu:
-
Deixaram mais algum documento, fizeram algum comentário?
- O Sr. Delon deixou este recado por
escrito! Entregou aberto, por isso, não pude deixar de ler. Disse que tem prazo
vencendo, e por isto não pode detalhar os assuntos pessoalmente, mesmo porque,
é obrigação sua a narrativa! O
Sr. pode me explicar o que significa o recado, se não for confidencial?
Intrigado, o velho advogado leu o
recado, que dizia:
NA BANDA DA BANDA, O BANDO ABANDA E NÃO
DEBANDA, SEM DAR BANDA!
Apenas sorriu e pensou nas
interpretações que cada um daria ao recado, e terminou:
- Dona Laciva! Telefone a todos, A
TODOS, dando as boas vindas e expressando o desejo de uma amizade contínua, forte,
leal e unida, pois amigos são bênçãos que nos concedem!
- Dr.! O Delon disse uma frase que
não entendi também: - A divindade que se cuide, porque DOBROU!
E o sorriso do velho advogado foi se
esvaindo em resignação.....
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Dr. Armando Rollus (II) Parabeniza a Srta. Terezinha Molleta, e lhe oferece: A Feiticeira!
O Dr. Armando Rhollus
encarava filosoficamente o frio que se abatia sobre a região, com pessimistas
previsões de geada e reclusão, enquanto se dirigia para o sacrossanto templo
laboral.
Lúgubre
neblina encobria a cidade, a Pequena Londres, emprestando-lhe por poucos dias,
o sinistro mistério do fog original,
com suas tramas e magias.
Cumprimentou
a Dona Laciva, que encorujada em sua cadeira, aparentava imigrante do Polo
Ártico:
E só então percebeu que, macambúzio e sorumbático na sala de espera, o
aguardava o colega Delon Drina.
-
Bom dia, preclaro colega! Em que posso lhe ser útil? – Indagou o calmo e sereno
advogado.
-
Bom dia, insigne mestre! Tenho um problema sui
generis que necessita da ministração do seu acurado tirocínio, para reparo opportuno tempore ou finalmência
receber. Em apertada síntese, lhe digo: - Adentrou no Bando uma feiticeira! –
Despejou o Delon, sabedor do amor a brevidade que cultivava o velho causídico.
-
Em que ponto específico as qualidades e atividades extra normais da nova
integrante do Bando são objeto de injurídico? Existe algum ritual ou prática
que produza danos, mesmo que apenas
induza temor? – Indagou o Dr. Armando Rhollus.
-
Ela é uma feiticeira do bem! Distribui alegria por onde leva sua
simpatia, sinceridade e sorriso! É uma mulher forte, direta, determinada, inteligente, doce, e com sorriso
de criança. Ela me apinchou uma mandinga:
-
Pois colocou ordem no meu cafôfo, e
eu nem reagi. Durante a demolição, ela disse: - Some daqui, que "coisa véia" vai tudo pro lixo! E obedeci rindo. E ainda SUMIU com um monte de apetrechos seminovos, e eu nem infartei! Até paguei a diarista sem reclamar:
- E não uso minha amada jaqueta perto dela!
Tenho perdido pança, comparecido banhado, barbeado, bem arrumadinho
e até cheiroso! Desse jeito, vou
acabar me degenerando num cara comportado!
Terei que consultar terapeutas, mas isto farei depois! –
Noticiou o Delon!
-
Em que pese meu profundo espanto com os poderes quase divinais da feiticeira do
Bando, a Eza, é assim que o colega a nominou? Mas, não vejo onde possamos agir,
visto que, houve sua livre, e até alegre concordância em tudo o que tem sido
feito por ela. Onde está o ilícito então? – Disse o Dr. Armando Rhollus.
-
É que alguns benzimentos dela têm
operado milagres, muito benéficos, aliás! Consertou minha coluna vertebral,
tirou minha tensão e está me transformando num cara ainda mais bem humorado. E isto está deixando alguns
integrantes do Bando, muito enturmadinhos!
– Relatou o Delon.
-
Compreendo! Trata-se então de assédio dela por esses indivíduos! Se é isto, a
parte legítima, titular do direito ofendido é ela, e não o caro colega. A não
ser que tenha havido ilícito que autorize ação penal pública. – Emitiu parecer, o Dr. Armando Rhollus.
-
Em verdade, nobre colega, o préstimo que solicito é em resguardo deles, pois, um
deles está em profundo sofrimento com um abscesso em local pudendo, aparecido
dias depois das enturmações – Iniciou
as explicações, o Delon:
-
Outro deles, por ainda enfermo de grave acidente motoquístico, tem se mantido
comportado, o que já é um milagre:
-
O pior deles, no entanto, não entendeu o meu significativo olhar:
-
O rapaz já recebeu o primeiro alerta, consubstanciado em engasgamento com pimenta. Imagino os resultados da saída da pimenta:
-
Portanto, como o nobre e experiente colega é advogado e consultor de alguns do
Bando, poderá preservar-lhe a integridade e a paz. – Finalizou o Delon.
-
O colega quer dizer que, poderá interferir de alguma maneira, de forma que
ocorra algum mal para a pessoa em questão? Trata-se de uma ameaça, ainda que de
apinchação de mandinga ou rogação de
praga, ao meu amigo e cliente?
– Perguntou o Dr. Armando Rhollus, com a voz macia que prenunciava seus revides.
– Perguntou o Dr. Armando Rhollus, com a voz macia que prenunciava seus revides.
-
Nobre colega! A feiticeira é do bem, e qualquer mal que eu quisesse
causar ao indivíduo em questão, jamais se aproximaria do exemplamento que a esposa poderá propiciar-lhe. Só a
fisionomia dela ao olhá-lo, atemoriza, afinal: - QUEM AMA, EDUCA! - Sentenciou o Delon Drina.
*
E
então, o velho advogado, raposa matreira na arte da vida, com sua voz calma e
fisionomia serena, disse:
-
Quando o caro colega encontrar uma mulher a moda antiga, que olha nos olhos
quando fala e diz o que lhe vai no coração e n’alma; amiga, cúmplice,
companheira e amante; que digna, coberta de razão aponta as próprias
falhas - reais ou imaginárias; que é
forte e firme quando necessário, sem ser rude ou impositiva, e, generosa de si busca o acerto e demonstra: -
Conte comigo!
-
Então, meu jovem colega: preste muita atenção, se ocupe tão somente em cultivar e retribuir, porque é
muito provável que, para você também, as buscas tenham terminado, o que lhe desejo de coração! – Encerrou o
causídico.
*
- Minha querida amiga Terezinha Molleta! Feliz aniversário,
tudo de bom e de melhor nesta vida, porque você faz por merecer! Um grande
abraço e enorme beijo do Dr. Armando Rhollus e de todos nós do Bando!
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Dr. Armando
Rhollus em: Agência “Reset” – O Reencontro!
Por força do entrelaçamento das relações profissionais, o experiente
causídico tornou-se consultor e advogado das famosas agências de casamentos:
“Só Love” no norte do Estado, e mais recentemente da “Reset”,
situada no sul do Estado.
O velho
causídico sabia tratar-se tão somente de questão de tempo, para que as agências
fizessem interagir seus clientes, o que trará sérios problemas, pois não se
mescla impunemente as etnias “Leite Quente” com “Pé Vermelho”.
*
Conhecedor
da natureza humana, sobre a qual enciclopédias são escritas, mas em nada lhe
modifica a essência, e tão somente se lhes aplica rótulos e disfarces, o
advogado se ocupava sistematicamente em criar e aperfeiçoar sistemas destinados
a impedir fraudes, erros e simulações, em outras palavras: evitar que os(as)
clientes engolissem gato(a) por lebre!
- Tudo é
relativo, nos ensinou Einstein! E existe mercado para gatos(as) e lebres!
Contudo, naquele tempo não havia o Código de Defesa do Consumidor, e prevenção
é quase tudo! Porém, prevenção excessiva inviabiliza qualquer atividade!
Relatividade e equilíbrio, eis a questão! – Raciocinou o causídico.
*
Naquela
bonita tarde de inverno, o advogado analisava os documentos que trouxera da
agência “Reset”, onde estivera em reunião com a Diretoria e Chefes dos
Departamentos Técnicos: Recauchutagem e Ajeitações; Psicologia e Cinergética,
e, Fotoshop e Vendas Avançadas.
A acurada
análise tinha por fito aferir riscos de ações judiciais contra a empresa,
diante de uma determinada situação ocorrida, bem como, adjutorar na eficácia do
sistema “antifuros”.
De fato, a
sequência de fotos e documentos atestava que a cliente passara por: rigorosas
dietas e readequações alimentares; academias de ginásticas; seções de “despelancamento
e esticações”; “pegara uma cor” em bronzeamento artificial;
“desengruvinhamento e tintura do pixaco”; aprendera a falar ocultando
o raciocínio; a tornar-se sedutora; fora fotografada nos “melhores ângulos” ,
e aprendera a bem se valorizar, trocar e comportar numa relação.
Para
incremento da reforma: aulas de bom gosto no vestir e “banho de lojas”!
O mesmo se
deu quanto a ele, também cliente da agência, com os complementos do implante de
cabelos, eliminação da pança e do apego ao “pão durismo” .
Aprenderam
sobre simpatia, educação e simplicidade. Em turmas diferentes foram enviados ao
norte do estado para perderem o “ar de quem cheirou pum”.
Até a dançar
e o gosto pela “balada” aprenderam. Estavam prontos para uma nova
vida!
Verdade seja
reconhecida e dita: trabalho de profissionais! Vou passar a informação e
endereços para alguns amigos meus, que andam bem necessitados de reforma! –
observou o advogado.
*
Constava nos
registros da empresa que ambos haviam visto as fichas respectivas, que,
contudo, para preservarem o anonimato não forneciam os nomes.
Os clientes
responderam com exatidão os questionários sobre as características de quem
realmente buscavam por companheiros.
O primeiro
encontro deles se deu na sala apropriada da agência, de bom gosto, indireta
iluminação benevolente, suave música, enfim, todo o apropriado para tais
ocasiões.
Até aqui,
nada de anormal! – Concluiu o Dr. Armando Rhollus, servindo-se de um cafezinho,
antes de voltar a análise do restante do calhamaço, que incluía o DVD com a
filmagem da entrevista.
Ao ver o
início da filmagem da entrevista, eriçaram os cabelos do calejado advogado:
Ele chegara
primeiro, vestido impecavelmente, ressumando progresso, e sentara-se com
elegância na não menos elegante poltrona. Ela chegara com o tradicional atraso,
que, no início da relação traduz charme e com o tempo e desgaste da relação se
transforma em desrespeito. Estava glamorosa, esbanjando classe, charme e
requinte.
Ele
levantou-se e caminhou serenamente até o meio da sala para encontrá-la e então,
os olhos se encontraram sem disfarces:
- Olá,
Maria! Não a reconheci de imediato! Você está muito diferente!
- Olá, João!
Também não o reconheci! Você mudou muito!
- Devemos
informar a Agência, de que fomos casados por 10 anos? – perguntou João.
- Se assim
fizermos, cabeças rolarão! Proprietárias deste tipo de agências são
intragáveis! A do norte, que conhecemos recentemente, é uma gata brava.
A daqui, dizem que é um terror! Deixemos assim! – Afirmou Maria.
- Sim!
Aturamo-nos por tanto tempo, em nome de tanta coisa e pessoas, que podemos nos
aguentar mais algumas horas, para que o pessoal bacana que trabalha na agência
mantenha o emprego! Discretamente o avisaremos depois! E que o Todo Poderoso
tenha piedade dos maridos dessas donas de agências! – Finalizou o João.
E ambos
também concordaram num ponto:
- Mas vamos
pedir a reposição desta indicação e encontro! É mais do que justo!
*
Por conta da
assunção de responsabilidades, ambos decidiram pela permanência em outro lugar
e se dirigiram à um restaurante:
- ‘Bora lá,
JÃO! – Provocou Maria, usando o apelido que ele detestava.
- ‘Bora lá,
CREUZA! – Retorquiu João, usando da provocação que sabia irritá-la.
*
- Que carro
diferente João! Bem antigão, né? Parece aquela sucata podre que você manteve no
quintal por 8 anos, juntando ratos e baratas! – Observou Maria ao ver o carro
do João.
- Você
sempre criticou o que desconhece! Acabei de reformar o meu Charger RT, que
nunca foi sucata e hoje é uma obra de arte! Sou um novo homem! Acabo os
projetos que inicio! Eu disse que um dia você andaria nele! – Respondeu-lhe
João.
- Parece que só eu mudei para melhor! Você continua implicando com TUDO! E já lhe disse que mudei muito, fiz a minha reforma íntima e hoje sou um homem refinado! - Respondeu João, que chamando o garçom pediu: - Um steinhäger e uma Heineken, na temperatura adequada! Para a Sra., uma Fanta laranja não muito gelada, por favor!
- Eu também rompi com os velhos hábitos e valores, João! Hoje sou eu quem decide e determina o que quero! Sou uma nova e chiquérrima mulher! - Disse Maria que voltando-se para o garçom, requereu: - Um suco de laranja da Ades, com pouco gelo, por favor!
- Para te aturar, João! Só tomando muito formol! - Finalizou Maria.
- Menos,
João! Bem menos! Muito menos....! Se esta lata velha pifar, pular um rato em
mim, ou aparecer sutiã e calcinha das biscates com quem você anda, você vai se
ver com meu advogado! - Ameaçou Maria.
*
- Você não
vai querer ir naquela espelunca que chamava de “especial”, né? –
Perguntou Maria!
- Sou um
novo homem, Maria! Rompi com os velhos valores e hábitos! Nem o meu local favorito
e nem aquela droga de lugar que você gosta! Sugiro um local novo! – Disse
João.
Ao chegarem
ao novo local:
- Mas aqui é
a velha espelunca que você gosta e eu detesto! – Reclamou Maria.
- Não é não!
Reformaram tudo e trocaram a direção da casa! – Contestou João.
- Trocaram a
cor das mesas de lata e o atendente é o filho do anterior! – Constatou Maria.
- Você
permanece a eterna insatisfeita, Maria! – Reclamou João.
- E você o
eterno grosso sem imaginação! – Respondeu-lhe Maria.
*
A rápida
mente do advogado convertia o que assistia em possibilidades legais contrárias
à empresa, e no íntimo pedia a Santo Ivo, que fossem mínimas as farpas e
bordoadas inevitáveis em conversa de exs.
- Só falta
você pedir o “de sempre” : um “quebra gelo (uma pinguinha) e uma
loira gelada da Antárctica”! – Disse Maria, de cara fechada.
- Parece que só eu mudei para melhor! Você continua implicando com TUDO! E já lhe disse que mudei muito, fiz a minha reforma íntima e hoje sou um homem refinado! - Respondeu João, que chamando o garçom pediu: - Um steinhäger e uma Heineken, na temperatura adequada! Para a Sra., uma Fanta laranja não muito gelada, por favor!
- Eu também rompi com os velhos hábitos e valores, João! Hoje sou eu quem decide e determina o que quero! Sou uma nova e chiquérrima mulher! - Disse Maria que voltando-se para o garçom, requereu: - Um suco de laranja da Ades, com pouco gelo, por favor!
- Para te aturar, João! Só tomando muito formol! - Finalizou Maria.
*
- Você está
bem, Maria? Como tem sido a tua vida? – Iniciou João.
- Vou bem,
fiz o mestrado e acabei há pouco o doutorado. Tenho trabalhado bastante, e
você? – Disse Maria.
- Ampliei a
empresa, viajo e trabalho bastante! – Respondeu João.
- E sempre
posando fora! O de sempre, não é? – Espetou Maria.
- Um
pensamento me ocorre Maria: Se a agência nos selecionou como casal por nossas
afinidades e tipo de vida pretendida, por que, mesmo agora, você fica me
espetando e agredindo? Que afinidades são essas então? – Respondeu João.
- Quem sabe?
Se estamos numa agência de casamento, bastante modificados, dispostos a nos
relacionarmos seriamente com outras pessoas, é porque acreditamos que possa dar
certo com alguém, não é? – Retorquiu João.
- Eu não
entendo a péssima mania das mulheres, de irem dormir dizendo: - Eu te amo! E
acordarem falando: - Puxe daqui pra fora! E depois ficam chorando e reclamando
ao mundo! – Completou o João.
- João! Vou lhe explicar pela bilionésima vez: Nós, mulheres, precisamos de:
- João! Vou lhe explicar pela bilionésima vez: Nós, mulheres, precisamos de:
- nos sentirmos capazes e independentes:
- respeito
com nossa família:
- Gostamos de
sexo, SIM!:
- Mas sexo não é tudo num relacionamento:
- Gostamos de pessoas
alegres e criativas:
- E não de
pessimistas:
- E jamais de
homem de mau humor com o cotidiano:
- Precisamos
de um companheiro que saiba que não é tudo um mar de rosas:
- Não gostamos
de cafajestagens:
- E nem de
piadas sem graça:
- Enfim,
queremos alguém que saiba nos ler e entender:
- Pois é,
Maria! E eu te repito pela bilionésima vez! Nós, marmanjos, somos muito
mais simples:
- Precisamos
de um pouco de adrenalina:
- Gostamos de esportes:
- Gostamos de
andar só, às vezes:
- Sabemos
entender as coisas sem muito discurso e repetição:
- Também temos
algumas vaidades:
- E também nos
decepcionamos no mundo:
- Sabemos, e
muito bem, o que é ralar duro, cientes de que precisam de nós:
- Sempre temos
que improvisar, nada vem pronto:
- Muitas
vezes, saímos espandongados da luta diária:
- Nós também
somos carentes e precisamos de atenções:
- Também temos
nossas paixões:
- E os nossos
ódios, que metabolizamos como podemos:
- E quando não
dá certo, não erramos sozinhos, e as regras não são justas:
- Mas
seguimos em frente, sabendo que a vida em casal requer equilíbrio e
administração de diferenças, e que o paraíso não existe, e que, se for para entrar
nessa de autossuficiência e individualismo, também podemos falar o mesmo
idioma:
- Mas,
confesso! Sinto a tua falta e a maior saudade! – Terminou o João.
- Eu também
confesso! Sinto a tua falta! E agora estamos num dilema: Gostamo-nos e nos
queremos, mas não nos aturamos! Que fazer? – Indagou Maria!
- Que tal
resolvermos isto amanhã? – Respondeu o João.
*
E mais
tarde, naquela noite, o João querendo ser gentil, olhou abaixo da cintura da
Maria e disse:
- Muito
elegante este teu novo penteado, é repartido..!!!
Maria
retribuiu o olhar, e por sua vez disse:
- Lamento,
João! O Zezinho de cavanhaque não ficou bem!
*
No meio da noite, o João foi acordado por dolorido cutucão nas costelas, e perguntou assustado, temeroso de que Maria estivesse sofrendo um infarto, ou o motel sendo assaltado:
- Que foi que houve?
- Você NÃO está roncando, João! Respondeu Maria.
- Sou um novo homem. Rompi com os velhos hábitos, Maria! Onde foi que te incomodei ou prejudiquei ao não roncar? Inquiriu João.
- Sem o teu ronco, o meu sono perde o ritmo! E não terei do que te acusar, logo cedo! VOLTE A RONCAR! - Ordenou Maria.
- Ahhhhhhh! Voltei a me sentir em casa! - PENSOU João!
*
Na manhã
seguinte, ao tomarem o café da manhã, João perguntou à Maria:
- Agora, me
esclareça este mistério: as psicólogas – raça de malucos – da agência nos
selecionaram como afins. Onde foi que erramos na nossa vida conjugal anterior?
- Não fale
mal de psicólogas porque sou uma delas! Eu pedi alguém com suas
características, tudo certo! E me lembro bem de haver feito a observação de que
eu não quero um cara me atormentando dentro da mesma casa! – Respondeu Maria.
- Pois é! Eu
pedi alguém com as tuas características, com a mesma observação: Nada de mulher
me buzinando a existência dentro do mesmo cafôfo! Já sabemos onde
erramos, né? – Completou o João.
*
- João, me
dá uma carona até minha casa? E vai tratando de arrumar um apartamento longe o
suficiente para não me restringir, e perto o suficiente para que eu possa te
vigiar! Te conheço, e não é de hoje! Determinou Maria.
- Não
adianta! É tudo a mesma coisa! Só muda o CPF e o endereço! – Resmungou o João.
*
- XIII!!!!
Acho que pifou a bateria! - Constatou o João.
- Eu sabia
que esta merda de lata velha ia nos deixar na mão!- Xingou Maria.
- Quer me
deixar em paz, tentando arrumar o MEU problema? Não somos mais casados, lembra?
É cada um na sua casa! – Esbravejou o João.
- BIROSCA
NENHUMA! Vai tratando de NOS chamar um táxi, me leve pra MINHA casa, e depois
volte para buscar esta TUA sucata podre. Não quero que pensem que sou uma das
tuas biscates! Está pensando o que? Que é só festa comigo? – Brigou Maria.
- Nada! NADA
MUDA! NUNCA! – Concluiu o João.
*
E o velho
advogado, o Dr. Armando Rhollus, sensível e prático, encaminhou correspondência
à cliente, recomendando imediatas providências para que “exs” não sejam
apresentados um ao outro. Dentre as providências, sugeriu: a) fotografias de exs
a integrar as fichas individuais; b) datiloscopia, e c) checagem por número de
Cédulas de Identidade e do CPF, antes das apresentações.
E filosofou:
- Quem quer ser o que já foi, já era! UFA! Que susto! Se isto tivesse ocorrido
com alguns dos divorciados que conheço, eu estaria agora providenciando a
liberação de corpos no IML. Como ensinou Einstein: - TUDO É RELATIVO!
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